30 de janeiro de 2010

JORNAL NACIONAL, MODO DE FAZER

Se você sempre quis saber como era feito o principal telejornal brasileiro, leia "Jornal Nacional, modo de fazer". Escrito pelo editor-chefe e apresentador do noticiário, William Bonner, o livro descreve as etapas de produção do JN, como por exemplo o critério de escolha de reportagens. Leia um trecho:

"O QUE É O JN
Como eu já disse, todo mundo conhece, todo mundo sabe o que é o Jornal Nacional. Mas eu preciso começar o livro de algum jeito – e é recomendável que seja do começo. Então, vamos deixar claros, logo de início, alguns conceitos que o ajudarão a compreender os muitos desafios que surgirão diariamente para os milhares de profissionais encarregados de preparar cada edição do JN. Prometo ser sucinto.
O Jornal Nacional é um programa jornalístico de televisão. Por ser jornalístico, apresenta temas comuns aos jornais impressos, aos programas jornalísticos de rádio, aos sites da internet voltados para notícias e, em parte, às revistas semanais de informação. Por ser um programa de televisão, procura apresentar esses temas com a linguagem apropriada ao veículo: com um texto claro, para ser compreendido ao ser ouvido uma única vez, ilustrado por imagens que despertem o interesse do público por eles – mesmo que não sejam temas de apelo popular imediato.
Como todos os veículos jornalísticos, o JN busca aquilo que os profissionais da área chamam de "furo": uma informação de grande importância que nenhum outro jornal, site ou programa tenha tornado pública antes. O furo é o alimento da alma dos jornalistas. Buscar o furo é o que todo repórter de verdade tenta fazer. E, como tudo na vida, o que dá valor ao furo é sua escassez. Ao leitor que não é jornalista, ofereço uma analogia com outros bens para esclarecer a relação dos jornalistas com o furo.
Dinheiro é o melhor exemplo: só tem valor porque é escasso. Quando a Casa da Moeda imprime dinheiro descontroladamente a mando do governo para que ele seja capaz de pagar suas dívidas, a escassez diminui – e o valor dele cai junto. É a inflação. Mas se você integra o time majoritário dos seres humanos que têm dificuldade para compreender as abstrações da economia, aí vai um exemplo mais concreto: uma Ferrari reluzente.
O que leva um sujeito a olhar uma Ferrari que passa na rua? O interesse dele por automóveis? O "ronco" altíssimo do motor? A sensualidade óbvia da cor vermelha? A indignação com a ostentação de riqueza? A resposta mais adequada para cada um dependerá de suas predileções, sua orientação ideológica, seus fetiches, sua preocupação com questões ambientais. Mas todas essas variáveis estarão subordinadas ao fato indiscutível de que não se veem Ferraris a todo instante, em cada esquina. Ferraris são carros feitos por encomenda, a preços que chegam a ser engraçados. Por isso, são escassas. E a escassez de Ferraris neste planeta dá, a suas aparições fugazes, um valor que ultrapassa seu custo em moeda. A Ferrari tem, em torno dela, uma aura – goste você de carros ou não. Porque é um símbolo, maior do que a vaga que ocupa numa garagem.
Em jornalismo, o furo atrai todas as atenções porque é escasso, valioso, ostensivo e simbólico. Num produto jornalístico, o furo é a Ferrari dobrando a esquina ali na frente – e todos os jornalistas se perguntando o que será que o dono fez para consegui-la.
Dito isto, voltamos ao ponto: o Jornal Nacional busca furos, como todo veículo de notícias. Mas tem peculiaridades que nenhum outro possui. E uma das mais importantes é o número de pessoas que buscam informação nele.
O JN está disponível a todos os brasileiros com acesso à energia elétrica e a uma televisão diante dos olhos. Esse cidadão poderá viver no campo, em local ermo, onde o sinal terrestre de TV não alcance sua antena. Ainda assim, uma parabólica será capaz de capturar o Jornal Nacional diretamente do satélite. Nisso, o JN se afasta abissalmente dos jornais impressos, que dependem de uma logística de distribuição física própria para vencer a geografia e chegar aos leitores. Jornais impressos são pagos, enquanto o JN é gratuito. Além do fato incontornável de que jornais são produtos voltados exclusivamente para cidadãos alfabetizados. E, por enquanto, não vamos mais perder tempo com as comparações entre TV e jornal. Haverá outras, menos óbvias, adiante.
Mas e o rádio? Um programa de radiojornalismo, como o telejornal, também prescinde de público letrado e de distribuição física – e pode ser apresentado por uma rede de emissoras por todo o país. Em ondas curtas, ele chegará aos mesmos rincões em que a parabólica é necessária para ver TV. Mas sem imagem – e com menos qualidade de som. E nenhuma rede de rádio alcança a mesma cobertura da Rede Globo de Televisão.
Os sites de informação dependem de leitores alfabetizados, informatizados e conectados à internet. Nesta primeira década do século XXI, são condicionantes ainda muito limitadoras no Brasil – apesar do crescimento notável do parque nacional de computadores e da expansão da inclusão digital através das lan houses.
A questão do alcance do Jornal Nacional é essencial, está na raiz do programa. Basta que eu relembre, aqui, o que o jornalista Fabbio Perez contou em seu depoimento ao Memória Globo (a área da TV Globo que tem o objetivo de recuperar a história de empresas das Organizações Globo nas palavras de gente que ajudou a construí-la). Fabbio foi editor-chefe do Jornal Nacional durante sete anos. É uma autoridade no assunto. Diz ele:
"Nas primeiras exibições do Jornal Nacional, usava-se o adjetivo na previsão do tempo. Mas isso foi proibido, porque se falava assim: ‘O tempo é bom no Nordeste’. Escreveram para a redação: ‘O tempo é bom para quem? Para carioca ir à praia? Para mim, que estou na lavoura, é ruim’. Tivemos que mudar. Então, o adjetivo caiu." (Memória Globo, 2/2/2009)
Cada profissional envolvido no processo de produção de material jornalístico para o JN precisa ter em mente que aquilo será mostrado para cidadãos de todas as regiões brasileiras (e no exterior, pela Globo Internacional), de todas as idades e orientações sexuais, de todos os estratos socioeconômicos, de todas as faixas de renda, de todos os credos, todas as cores, todas as posições políticas, todos os níveis de escolaridade. Todos. E todas as noites, estreladas ou nubladas, o JN precisa atingir seu objetivo. É um compromisso que está completando 40 anos em 2009."

29 de janeiro de 2010

DICA DE FIM DE SEMANA - INVICTUS

Estreia hoje o filme Invictus, dirigido por Clint Eastwood e estrelado por Morgan Freeman e Matt Damon. No longa, Nelson Mandela sai da prisão após 27 anos e quatro anos depois é eleito presidente da África do Sul, um país dividido em decorrência do apartheid. Mandela enxerga na
Copa Mundial de Rúgbi uma oportunidade de acabar com a separação e mudar a história do país. Assista:

9 de janeiro de 2010

IN PRESS PORTER NOVELLI SELECIONA ESTAGIÁRIO

A Agência In Press Porter Novelli está procurando um estagiário em Mídias Digitais.
O candidato que for selecionado terá como funções a atualização de conteúdo da própria In Press nas redes sociais, além de colaborar nas estratégias digitais que a agência cria para os clientes.
Para se candidatar é preciso preencher formulário no http://www.inpresspni.com.br/estagio2.0/e enviar um vídeo, de no máximo um minuto, respondendo à pergunta “Por que você deve ser escolhido para o Estágio 2.0 da In Press Porter Novelli?”, para o perfil da agência no Twitter (http://twitter.com/inpresspni) por meio de reply (resposta para @inpresspni) , incluindo na mensagem a hashtag #estagioinpresspni.
A primeira etapa irá até 28/1 e os interessados precisam ter os seguintes pré-requisitos:
- Cursar o quarto período de uma das habilitações do curso de Comunicação Social (Jornalismo, Propaganda e Marketing, Publicidade ou Relações Públicas);
- Ter vontade de trabalhar com comunicação digital;
- Gostar de escrever;
- Ter criatividade e conhecer as principais mídias sociais.