5 de junho de 2010

LÍNGUA AFIADA

Caro — É errado dizer que o preço está caro. O certo é o preço está alto.
Chegar a/chegar em — Nunca escreva chegar em. O correto é chegar a algum lugar: "Lula chega amanhã a São Paulo", nunca "em São Paulo".
Este/esse — A confusão entre estes dois pronomes demonstrativos e seus correlatos, sobretudo na linguagem oral, contribui para apagar uma distinção importante da língua. A nuance fica evidente quando se recorre à fórmula este aqui, esse aí, aquele lá.
a) Em relação à pessoa que fala — Este, esta, isto são os pronomes que se relacionam com a pessoa que fala: "Este livro é meu". Esse, essa, isso são os pronomes da pessoa a quem é
dirigido o enunciado: "Esse livro é teu". Para a 3ª pessoa usam-se os pronomes aquele, aquela, aquilo: "Aquele livro é dele".
b) Em relação a espaço e tempo — Este, esta, isto indicam o que está perto da pessoa que fala: "estou lendo este jornal". Por derivação, indica o aqui e agora: "Neste país", "nesta cidade", "nesta página", "neste dia", "neste mês", "neste ano", "neste século", "neste governo". Esse, essa, isso tem emprego mais amplo. Indicam tudo o que está a certa distância da pessoa que fala: "Pegue essa cadeira e traga-a para cá, por favor"; "Quando eu estiver com você em Paris, visitaremos essas livrarias de que você tanto fala". Ligado à idéia de tempo, esse, essa, isso indicam geralmente o passado: "Karl Marx é um autor do século passado. Nesse período, as pessoas passaram a acreditar em revoluções". Pode indicar o futuro se houver a idéia de afastamento: "No ano 2061 haverá grande acúmulo de progresso tecnológico, mas nada garante que esse tempo será menos turbulento que o atual". Aquele, aquela, aquilo se referem a afastamento: "Naqueles tempos", "naquela cidade". Seu uso se confunde muitas vezes com o de esse, essa, isso; para evitar ambiguidade, prefira aquele, aquela, aquilo.

Fonte: Manual de Redação da Folha de São Paulo.

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