20 de fevereiro de 2011

RAÍZES DO BRASIL

Livro de Sérgio Buarque de Holanda; Companhia Das Letras.
Numa prosa concisa e despretensiosa, elegante e fluente, plástica na análise conceitual e historiográfica, nada regionalista nas conclusões e até internacional na amplitude dos temas, Raízes do Brasil figurou, ao lado de outros ensaios e ensaístas (entre eles as obras de Paulo Prado, Gilberto Freyre e Caio Prado Jr.), como exemplo destacado dos esforços reflexivos de toda uma geração e, ao mesmo tempo, como texto de estilo marcadamente pessoal e diferenciado.
Entendendo o "homem cordial" como exacerbação de afeto (tanto para a formação de laços comunitários quanto para a sua ruptura violenta) o livro pontua, com fina sensibilidade, algumas mazelas de nossa vida social, política e afetiva, entre elas a incapacidade secular para separar o espaço público do privado, tema dos mais candentes e que explica, em parte, a vitalidade de suas sucessivas reedições.
Por outro lado, o movimento de retorno aos ensinamentos de Raízes do Brasil tem a ver com a extrema contemporaneidade de seus métodos, muito próximos de suas férteis incursões pela crítica literária e estética. Ou seja: os processos sociais, econômicos e políticos devem ser vistos, antes de mais nada, como fenômenos de cultura, articulados a modos coletivos de pensar, imaginar, sentir e atuar.

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