19 de maio de 2010

DIÁRIO DO GAMACOM - SEGUNDO DIA

“A versão do Fato: Fonte, Apuração e Objetividade,” foi o tema debatido no segundo dia do X Gamacom, com a presença do diretor de jornalismo da Rádio Roquette Pinto, Luiz André Ferreira, do editor adjunto do jornal O Globo, Jorge Antonio Barros e do repórter e colunista da editoria de ciência do jornal O Globo, Antonio Marinho, com a mediação do professor da UGF e radialista Alexandre Ferreira.
Na abertura, foi exibido um vídeo produzido pela TV Justiça, sobre alguns casos famosos de erros éticos na cobertura jornalística, entre eles o caso da Escola Base de São Paulo.
Após o vídeo, o professor Alexandre Ferreira abriu espaço para que os convidados se apresentassem e dessem suas considerações iniciais sobre o tema do dia.
Luiz André Ferreira, falou sobre jornalismo cidadão, pois acredita que é uma tentativa de dialogar com a população, saber o que realmente as pessoas pensam sobre determinado assunto. Outro ponto abordado pelo jornalista foi o uso da Internet, já que alguns jornalistas tendem a copiar algumas informações da rede e divulgá-las sem antes fazer a apuração:
— O erro é humano. Eu posso errar e pedir desculpa. Mas não se pode pegar uma apuração pelo meio, não se pode dizer “desculpa, eu copiei”.
Como repórter e colunista do caderno de ciências, Antonio Marinho ressaltou a necessidade do repórter se especializar no assunto que irá cobrir.
— As editorias estão muito especializadas, eu já fiz quatro cursos fora do Brasil. É importante se especializar e isso facilita o trabalho no dia a dia.
Antonio comentou também a dificuldade em selecionar o que é realmente importante em meio a tanta informação das mais variadas fontes e destacou a importância de cultivar suas fontes e ao mesmo tempo sempre procurar renová-las.
Jorge Antonio falou sobre a importância da leitura para o jornalista e explicou os tipos de pautas que existem:
— Existe a pauta prevista, que são os acontecimentos que irão ocorrer nos próximos dias, a pauta imprevista, que é o que acontece durante o dia e precisa ser coberto e as pautas especiais, que muitas vezes surgem dos próprios jornalistas
Para Jorge, um instrumento muito útil para o jornalista é o telefone, mas que está sendo substituído pelo e-mail:
— O telefone ainda é o melhor amigo do jornalista, ele te dá traquejo, agilidade e instrumento. Infelizmente, hoje se manda tudo por e-mail.
Jorge ainda falou sobre as sete artes do jornalismo e os sete valores que devem nortear a produção jornalística:
— Temos que ter a arte de sonhar, sonhar com um mundo melhor, com ideias ; a arte de apurar, que está ligada aos valores éticos; a arte de duvidar, duvide sempre mas sem demonstrar que está duvidando; a arte de checar, que é uma conseqüência de duvidar e faz parte da apuração; a arte de escrever, é o mais difícil mas com o tempo você vai aprendendo; a arte de publicar, que significa pensar na matéria já na hora da apuração, pensar se a matéria necessita de foto, de infográfico, é ajudar a pensar na edição; e a arte de manter a chama acesa, que é acreditar na matéria, saber vendê-la para o editor e já pensar na continuação. Os valores são a ética, a honestidade, transparência, humildade, direitos humanos, responsabilidade social e responsabilidade jurídica.
Os convidados também debateram sobre fontes e apuração dos fatos e contaram casos engraçados e curiosos que vivenciaram na profissão.
— O jornalista tem que ter fontes. Antigamente para se cobrir o trânsito não se tinha as câmeras da CET – Rio, tínhamos uma agenda e ligávamos para alguém para perguntar “Dona Maria, como está o trânsito na sua rua?” — explicou Luiz.
— Deve-se desconfiar das informações iniciais, principalmente se a informação chega a você através de uma fonte sem que você estivesse procurando pelo assunto. O bom jornalista deve tentar captar qual a intenção da fonte ao ser procurado para passar a tal informação. — ressaltou Antonio
A credibilidade foi outra questão levantada.
— O nome no jornalismo é um patrimônio fundamental, a credibilidade construída em anos de profissão pode ser perdida em uma matéria. — comentou Alexandre.
Para finalizar, foi exibido um vídeo sobre a cobertura jornalística em alguns casos policiais, como o caso de Isabela Nardoni e de Eloá.


Assista no vídeo abaixo as entrevistas com Antonio Marinho, Luiz André Ferreira e Jorge Antonio Barros:




Texto: Priscila Domingues, Bianca Deziderio, Camila de Souza e Sibelle Alves
Vídeo: Larissa Siqueira, Nathália Rodrigues e Priscila Domingues

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